UM FELIZ 2010 COM ELOGIO À LOUCURA


Meninas não é preciso dizer o óbvio, que eu desejo que todas vcs tenham um ótimo 2010? Eu desejo tudo pra vcs o que eu desejo pra mim. E eu vou começar esse ano com um ensinamento da minha amiga Roberta do "E isso é glamour", não vou fazer promessas pra depois não me arrepender no fim do ano que eu não cumpri e nem vou ficar fazendo retrospectiva do ano que passou, mas vou mesmo é me assumir. O que quero dizer com isso? Bem todos me dizem e ouço todos dizerem de mim que sou uma menina maluquinha, destrambelhada mesmo, falo o que vem à cabeça, esponho minhas opiniões, choro no fim de novela, danço Sinatra com minha filha, fico brava com a falta de gentileza, tomo pra mim a trizteza e a felicidade dos outros como se fossem minhas também, enfim se todas e outros mais intempérios que cometo é ser louca então vou assumir: EU SOU LOUQUINHA DA SILVA! Hoje lendo o ensaio Elogio da Loucura me comovi como sou louca e agradeço por isso pois então aí vai meu grito que minha amiga Rita Lee já tinha colocado em música essa loucura do bem:

Dizem que sou louca
Por pensar assim
Se sou muito louca
Por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz!
E não é feliz!
Não é feliz...

Se eles são bonitos
Eu sou Sharon Stone
Se eles são famosos
I'm Rolling Stone
Mas louco é quem me diz!
E não é feliz!
Não é feliz...

Eu juro que é melhor
Não ser um normal
Se eu posso pensar
Que Deus, sou eu..

Se eles têm três carros
Eu posso voar
Se eles rezam muito
Eu sou santa!
Eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz!
E não é feliz!
Não é feliz...

Eu juro que é melhor
Não ser um normal
Se eu posso pensar
Que Deus, sou eu...

Sim! Sou muito louca
Não vou me curar
Já não sou a única
Que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz!
E não é feliz!
Eu sou feliz!...

Não é lindo, se assumir assim, parar de me preocupar em demonstrar uma sensatez inútil, não escolher os sábios para seguir e sim os loucos que souberam aproveitar o máximo da vida , e rir rir muito, de tudo, até nas horas que não é pra rir, e nesse ensaio lindo de Erasmo de Rotterdam, tem uma parte que gostaria de compartilhar com vocês:

Mas, pouco amiga seria eu da verdade, se, depois de vos provar que de mim tivestes o gérmen e o desenvolvimento da vida, não vos demonstrasse ainda que provêm da minha liberalidade todos os bens que a vida encerra. Que seria esta vida, se é que de vida merece o nome, sem os prazeres da volúpia? Oh! Oh! Vós me aplaudis? Já vejo que não há aqui nenhum insensato que não possua esse sentimento. Sois todos nuito sábios, uma vez que, a meu ver, loucura é o mesmo que sabedoria. Podeis, pois, estar certos de que também os estóicos não desprezam a volúpia, embora astutamente se finjam alheios a ela e a ultrajem com mil injúrias diante do povo, a fim de que, amendontrando os outros, possam gozá-la mais freqüentemente. Mas, admitindo que esses hipócritas declamem de boa fé, dizei-me, por Júpiter, sim, dizei-me se há, acaso, um só dia na vida que não seja triste, desagradável, fastidioso, enfadonho, aborrecido, quando não é animado pela volúpia, isto é pelo condimento da loucura. Tomo Sóflocles por testemunho irrefragável, Sóflocles (26) nunca bastante louvado. Oh! nunca se me fez tanta justiça! Diz ele, para minha honra e minha glória: “Como é bom viver! mas, sem sabedoria, porque esta é o veneno da vida”. Procuremos explicar essa proposição. Todos sabem que a infância é a idade mais alegre e agradável. Mas, que é que torna os meninos tão amados? Que é que nos leva a beijá-los, abraçá-los e amá-los com tanta afeição? Ao ver esses pequenos inocentes, até um inimigo se enternece e os socorre. Qual é a causa disso? É a natureza, que, procedendo com sabedoria, deu às crianças um certo ar de loucura, pelo qual elas obtêm a redução dos castigos dos seus educadores e se tornam merecedoras do afeto de quem as tem ao seu cudado. Ama-se a primeira juventude que se sucede à infância, sente-se prazer em ser-lhe útil, iniciá-la, socorrê-la. Mas, de quem recebe a meninice os seus atrativos? De quem, se não de mim, que lhe concedo a graça de ser amalucada e, por conseguinte, de gozar e de brincar? Quero que me chamem de mentirosa, se não for verdade que os jovens mudam inteiramente de caráter logo que principiam a ficar homens e, orientados pelas lições e pela experiência do mundo, entram na infeliz carreira da sabedoria. Vemos, então, desvanecer-se aos poucos a sua beleza, diminuir a sua vivacidade, desaparecerem aquela simplicidade e aquela candura tão apreciadas. E acaba por extinguir-se neles o natural vigor. Por tudo isso, observai, senhores, que, quanto mais o homem se afasta de mim, tanto menos goza dos bens da vida, avançando de tal maneira nesse sentido que logo chega à fastidiosa e incômoda velhice, tão insuportável para si como para os outros. E, já que falámos de velhice, não fiqueis aborrecidos se por um momento chamo para ela a vossa atenção. Oh! como os homens seriam lastimáveis sem mim, no fim dos seus dias! Mas, tenho pena deles e estendo-lhes a mão... Mas, porque falar ainda mais dos mortais? Percorrei todo o céu, analisai todas as divindades: ficarei satisfeita por me insultarem o belo nome que tenho a honra de trazer, se for encontrada uma só divindade que não deva exclusivamente a mim todo o seu poder. Por favor: por que Baco tem sempre, como um rapazinho, o rosto rubicundo e a longa cabeleira loura? É porque passa a vida fora de si, embriagado nos banquetes, nos bailes, nas festas, nos folguedos, recusando qualquer relação com Minerva. E tão alheio é à ambição de trazer o nome de sábio que gosta de ser venerado com escárnios e zombarias. Nem mesmo se ofende com o provérbio que lhe dá o sobrenome de Ridículo, sobrenome que mereceu porque, sentado à porta do templo, e divertindo-se os camponeses em emporcalhá-lo de mosto e de figos frescos, ele se ria de arrebentar os queixos. E quantos golpes satíricos não desferiu contra esse deus a Comédia Antiga? (28) — O estólido, o insulso deus! — exclamava-se. — Indigno de nascer no meio da rua! — Mas, dizei-me sem simulação: quem de vós, a ser esse deus, estólido e insulso, mas sempre alegre, sempre jovem, sempre feliz, sempre motivo de prazer e alegria gerais, preferiria ser aquele Júpiter simulador, terror do mundo inteiro, ou o velho Pã, que com o seu barulho espalha temores pânicos, ou o defeituoso Vulcano, todo enfumarado e cansado do estafante trabalho, ou a própria Palas, terrível pela lança e pela cabeça de Medusa, e que a todos encara com um olhar feroz? Passemos a outras divindades. Sabeis porque Cupido se conserva sempre moço? É porque só se ocupa com bagatelas, porque está sempre brincando e rindo, sem juízo e sem reflexão alguma, correndo puerilmente de um lado para outro, sem saber ao menos o que se faz ou o que se diz. Porque a áurea Vênus mantém sempre florida a sua beleza? Não o sabeis? É porque é minha parente próxima, conservando sempre no rosto a áurea cor de meu pai Plutão. Além disso, se devemos prestar fé aos poetas e aos seus rivais os escultores, essa deusa aparece sempre com uma expressão risonha e satisfeita, sendo com razão chamada por Homero de áurea Vênus. E Flora, mãe das delícias, não era, talvez um dos principais objetos da religião dos romanos?... Dizei-me por obséquio: um homem que odeia a si mesmo poderá, acaso, amar alguém? Um homem que discorda de si mesmo poderá, acaso, concordar com outro? Será capaz de inspirar alegria aos outros quem tem em si mesmo a aflição e o tédio? Só um louco, mais louco ainda do que a própria Loucura, admitireis que possa sustentar a afirmativa de tal opinião. Ora, se me excluirdes da sociedade, não só o homem se tornará intolerável ao homem, como também, toda vez que olhar para dentro de si, não poderá deixar de experimentar o desgosto de ser o que é, de se achar aos próprios olhos imundo e disforme, e, por conseguinte, de odiar a si mesmo. A natureza, que em muitas coisas é mais madrasta do que mãe, imprimiu nos homens, sobretudo nos mais sensatos, uma fatal inclinação no sentido de cada qual não se contentar com o que tem, admirando e almejando o que não possui: daí o fato de todos os bens, todos os prazeres, todas as belezas da vida se corromperem e reduzirem a nada. Que adianta um rosto bonito, que é o melhor presente que podem fazer os deuses imortais, quando contaminado pelo mau cheiro? De que serve a juventude, quando corrompida pelo veneno de uma hipocondria senil? Como, finalmente, podereis agir em todos os deveres da vida, quer no que diz respeito aos outros, quer a vós mesmos, como, — repito — podereis agir com decoro (pois que agir com decoro constitui o artifício e a base principal de toda ação), se não fordes auxiliados por esse amor próprio que vedes à minha direita e que merecidamente me faz as vezes de irmã, não hesitando em tomar sempre o meu partido em qualquer desavença? Vivendo sob a sua proteção, ficais encantados pela excelência do vosso mérito e vos apaixonais por vossas exímias qualidades, o que vos proporciona a vantagem de alcançardes o supremo grau de loucura. Mais uma vez repito: se vos desgostais de vós mesmos, persuadi-vos de que nada podereis fazer de belo, de gracioso, de decente. Roubada à vida essa alma, languesce o orador em sua declamação, inspira piedade o músico com suas notas e seu compasso, ver-se-á o cômico vaiado em seu papel, provocarão o riso o poeta e as suas musas, o melhor pintor não conquistará senão críticas e desprezo, morrerá de fome o médico com todas as suas receitas, em suma Nereu (34) aparecerá como Tersites, Faão como Nestor, Minerva como uma porca, o eloqüente como um menino, o civilizado como um bronco. Portanto, é necessário que cada qual lisonjeie e adule a si mesmo, fazendo a si mesmo uma boa coleção de elogios, em lugar de ambicionar os de outrem. Finalmente, a felicidade consiste, sobretudo, em se querer ser o que se é. Ora, só o divino amor próprio pode conceder tamanho bem. Em virtude do amor próprio, cada qual está contente com seu aspecto, com seu talento, com sua família, com seu emprego, com sua profissão, com seu país, de forma que nem os irlandeses desejariam ser italianos, nem os trácios atenienses, nem os citas habitantes das ilhas Fortunadas. Oh surpreendente providência da natureza! Em meio a uma infinita variedade de coisas, ela soube pôr tudo no mesmo nível. E, se não se mostrou avara na concessão de dons aos seus filhos, mais pródiga se revelou ainda ao conceder-lhes o amor próprio. Que direi dos seus dons? É uma pergunta tola. Com efeito, não será o amor próprio o maior de todos os bens?...

Daí meninas saiu a minha única decisão de ano novo, admitir pra mim mesma minha loucura, que já é tão fascinante pra o Sr. dos Anéis, quando diz de bom grado que eu sou maluquinha e adora isso, e minha filha que tem uma mãe que adora Barbie, faz vestidos pras bonecas, dança loucamente com ela, adora o casal de vizinhos barulhentos com suas músicas e ainda canta com eles que são de uma loucura linda aonde a maioria torce o nariz e eu fico aqui da minha casa falando pra colocar aquela ou outra música. Eles realmente não estão nem aí, fazem a festa deles e são unidos e loucamente apaixonados, dia de jogo do flamengo então? nem se fala, é super cômico, pois ele coloca o hino do time várias e várias vezes, faz todo um santuário na casa dele e a esposa assiste o jogo junto, e nós daqui do outro lado da rua no terceiro andar que somos bons vascaínos damos a maior força (cada um com sua loucura) e ainda torcemos pro time alheio. É isso aí ser louco também é torcer pro time do amigo, mesmo que sejam times rivais, só pelo prazer de vê-lo feliz! Vamos fazer mais pela nossa felicidade e pela felicidade dos outros, vamos ser mais solidários, às vezes tendo dois ovos pra comer e dividir um com o amigo que chega na tua casa sem nenhum.

Passei por tantas coisas sérias em 2009, que preciso ressaltar: não foi nada complacente comigo e nem por isso eu deixei que abalasse minha loucura, pude rir de situações sem saída, pude chorar sem medo de parecer piegas, pude ser gente e vou continuar assim, nem que eu tenha que abrir o armário e ir pro mundo de Nárnia pra conversar com aquele leão que resolve tudo, ou convencer o Harry Potter a usar sua varinha pra encher minha dispensa. KKKKKK Morri de rir comigo mesma agora!

DA SUA LOUCA DE PEDRA, MIL BEIJOS E MUITA LOUCURA NESTE 2010!

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3 Responses so far.

  1. Marília, sou louca assumida, mas com uma loucura que só me enaltece, que me faz ser quem eu sou, sem fantasias, a loucura permitida, todas somos umas doidas e quem disser que não é, tá indo contra a maré kkkk, porque transgredir é preciso!!! Beijosss

  2. estes úkltimos anos têm sido bem punk para mim, este que passou, 2009?fala sério. Não poso dizer que enfrentei da melhor forma possível, queria ser bem resolvida e totalmente pronta para as agruraras da vida (estou longe disso!)...mas, acho que posso dizer que enfrentei da melhor forma que consegui. E, tenho a tranquilidade de saber que até aqui, quem precisou, pôde contar comigo. Isso para mim é muito importante e o preço disso eu tenho forças e firmeza para consertar: ficou em mim. E vamos em frente, para um 2010 com muita paz!!Bjs e falei demais!!

  3. Eliane says:

    Li seu desabafo e concordo se a gente fala é porque quer estragar, se não fala tambem quer estragar e depois eu é que sou doida de pedra. Aqui em casa eu sou considerada anormal a tanto tempo que já até gosto. por sermos diferente é que nos encontramos nesse turbilhão de internet, seja sempre assim pois foi por isso que gostei de vc. muitos beijos da Eliane.

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